Inúmeras
evidências demonstram que o comportamento alimentar de uma geração pode
ser refletido nas próximas e muitos pesquisadores têm movido seus
esforços nessa direção, tentando contribuir para a compreensão dos
mecanismos envolvidos.
Um
estudo experimental publicado em 2015 demonstra que a exposição à uma
dieta rica em gordura saturada durante a gestação de ratas induz o maior
acúmulo de gordura e maior produção de glicose no fígado da prole
durante sua vida adulta.
Outros
estudos experimentais observam efeitos de dietas maternas inadequadas
também sobre o estabelecimento de doenças cardiovasculares e até mesmo
sobre a redução do potencial reprodutivo de camundongos. Um estudo
demonstrou que a obesidade materna leva à hipertrofia cardíaca
patológica da prole durante a vida adulta por conta da retomada da
expressão de genes que deveriam ser expressos apenas durante o período
embrionário e fetal. Já um outro estudo afirma que uma dieta pobre em
proteínas durante a gestação de ratas pode provocar o envelhecimento
ovariano precoce até mesmo na terceira geração, reduzindo a capacidade
reprodutiva nesses animais.
Além
disso, alguns estudos vêm demonstrando que a saúde paterna no período
pré-concepcional também afeta a saúde dos filhos em longo prazo.
Um
estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo
demonstra que a prática de atividade física regular pelas mães antes e
durante a gestação e pelos pais no período anterior à cópula pode tornar
os filhos menos propensos a desenvolver obesidade na vida adulta.
Apesar
da associação entre o IMC (índice de massa corporal) do pai e dos
filhos ser usualmente atribuída a fatores genéticos ou comportamentais,
estudos experimentais controlados demonstram que, em modelos animais, a
obesidade paterna induzida por uma dieta rica em gordura saturada
provoca maior acúmulo de gordura corporal e intolerância à glicose em
sua prole, sendo importante notar que os pais apresentam genótipos
similares, ou seja, o fator genético não é responsável pela obesidade
observada nos filhos.
A
hipótese mais aceita até o momento é a de que a obesidade paterna induz
alterações no padrão de expressão gênica e nas marcas epigenéticas
carregadas pelos espermatozoides dos pais. Essas alterações serão
carregadas após a fecundação do óvulo e durante todo o período de
desenvolvimento, se refletido nos distúrbios observados na prole desses
estudos experimentais.
Bibliografia (s)
Pantaleão, L. Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Como o comportamento alimentar dos pais pode afetar a saúde dos filhos? Acessado em: 17/12/2015
Blackmore HL, Niu Y, Fernandez-Twinn DS, Tarry-Adkins JL, Giussani DA, Ozanne SE. Maternal diet-induced obesity programs cardiovascular dysfunction in adult male mouse offspring independente of current body weight. Endocrinology. 2014;155(10):3970-80
Toledo, L. Agência FAPESP. Prática de atividade física pelos pais pode proteger filhos da obesidade. Acessado em: 17/12/2015
Fullston T, Ohlsson Teague EM, Palmer NO, DeBlasio MJ, Mitchell M, Corbett M, Print CG, Owens JA, Lane M. Paternal obesity induces metabolic and sperm disturbances in male offspring that are exacerbated by their exposure to an “obesogenic” diet. Physiol Rep. 2015;3(3)
Fullston T, Ohlsson Teague EM, Palmer NO, DeBlasio MJ, Mitchell M, Corbett M, Print CG, Owens JA, Lane M. Paternal obesity initiates metabolic disturbances in two generations of mice with incomplete penetrance to the F2 generation and alters the transcriptional profile of testis and sperm microRNA content. FASEB J. 2013;27(10):4226-43
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