quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Colesterol: de gota a Alzheimer

O colesterol tem várias funções no nosso corpo: ele circula por boa parte do organismo para formar membranas celulares, ácido biliar e hormônios. Mas esse acesso quase irrestrito, apesar de essencial para inúmeras atividades, traz seus inconvenientes. Isso porque dá a possibilidade de ele, quando nas alturas, acarretar estragos em diversas regiões.

Após analisarem dados epidemiológicos que relacionam altos índices de colesterol a demência, cientistas, decidiram averiguar o que estaria por trás disso. Eles descobriram que o colesterol está intimamente ligado ao surgimento das famigeradas proteínas beta-amiloides, moléculas que danificam células nervosas, promovendo a doença de Alzheimer.

Taxas elevadas de colesterol também provocam inflamações nos vasos, que, ao longo dos anos, também dificultam a passagem de sangue. Se a artéria comprometida é uma que chega ao cérebro, as células nervosas deixam de ser abastecidas adequadamente com sangue. Resultado: elas param de funcionar direito por falta de nutrientes, o que contribuiria para o extermínio das memórias. 

Outro mal que às vezes implica queima de arquivos mentais atende pelo nome de derrame isquêmico - o bloqueio por completo do fluxo sanguíneo acaba matando os neurônios, digamos, de fome. Em várias situações, a obstrução decorre do excesso de colesterol circulante. 

Quando o assunto é diabetes, sempre falamos em glicose, mas outra molécula está envolvida, o excesso de colesterol no pâncreas atrapalha a fabricação de insulina, responsável por colocar o açúcar para dentro das células e com doses a menos desse hormônio na circulação, a glicemia sobe. Por outro lado, quando você tem bastante HDL, o chamado colesterol “bom”, a probabilidade de desenvolver ou agravar o quadro diminui. 

Nem as articulações estão a salvo do colesterol em excesso, pois ele facilita o aparecimento de crises de gota. Esse distúrbio, caracterizado por inchaço e dores intensas nas juntas depende de processos inflamatórios para dar as caras.

E câncer? O colesterol também tem alguma relação? Um vestígio desse possível elo é o de que levantamentos populacionais definem sujeitos com pouco LDL (colesterol “ruim”) e muito HDL como mais protegidos contra o câncer. Resta saber se o dado encontrado é consequência do colesterol ou se hábitos saudáveis, que regulam seus níveis ao mesmo tempo que trazem outras melhorias para o organismo, são os verdadeiros responsáveis pelos números encontrados.

Quando descobrimos que grande parte dessa substância é produzida no fígado independentemente da alimentação, muita gente supõe que quase não adianta tomar cuidado com o que ingerimos.  E essa impressão não poderia estar mais equivocada, pois o consumo de gorduras saturadas, presentes no óleo de dendê, em carnes e no leite, aumenta significativamente os índices de colesterol, sobretudo de LDL.

Se as gorduras saturadas culminam em mais LDL, as poliinsaturadas das nozes e do salmão fazem exatamente o contrário. Mas elas, se ingeridas além da conta, infelizmente reduzem os níveis de HDL.

Também aposte nas fibras solúveis. Junto com a água, elas formam um gel no intestino que impede o colesterol de ser absorvido. Invista em frutas como maçã, laranja e pera e capriche na aveia (farelo ou flocos finos). Só não se esqueça de beber bastante água. 

Se o objetivo é incrementar a concentração do HDL, aliado da saúde, a melhor estratégia atende prática de atividade física. Os exercícios não apenas aumentam o número das moléculas como melhoram a qualidade delas. 

Para obter os benefícios são necessários esforço e um pouco de paciência, mudança de hábitos alimentares e prática de exercícios. Com o colesterol sob rédeas curtas, as memórias de uma vida livre de diabete, câncer e dores nas articulações têm tudo para ficar na sua cabeça.


Fonte: Revista saúde

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